Capítulo 55: É aqui que você vai me matar?

Capítulo Anterior:
Me mataria por dentro. Escutei os passos dele se afastando e a porta foi aberta. Assim que escutei o som da porta se fechado abri meus olhos. E Trav não estava mais ali. Abri minha mão e vi que ele tinha deixado uma pulseira azul de pedrinhas. Era a pulseira favorita dele. 

Capítulo dividido:
Parte I.

Demi’s POV

Durante o café, Nicholas e eu conversamos sobre o acontecido com Travis. Ele disse que havia escutado nossa conversa e ficou feliz em ouvir o que eu disse. Porém, eu ainda me sentia mal por Travis. Era difícil vê-lo naquele estado. A última coisa que eu queria era magoa-lo, e por mais que ele falasse aquelas coisas para mim, parecendo estar bem, eu sabia que ele estava mal. Eu conhecia Travis. 

Depois do café Nicholas foi embora. Marcamos de sair á noite, e ele disse que diferente das outras vezes, essa noite seria especial. 

Quatro e treze da tarde. 

Estava na piscina, deitada na boia, tomando sol enquanto conversava pelo celular com Selena. Estávamos conversando sobre ontem e hoje. 

- Eu não consigo acreditar que ele disse tudo isso pra você. Que fofo! – Selena falou, depois de eu repetir as mesmas palavras de ontem ditas por Nicholas. 

- Sinceramente? Eu também não. Toda vez que eu lembro de tudo o que ele disse ontem, sinto vontade de chorar. – Admiti. – E eu achava, realmente, que eu e ele não teríamos mais volta. Já estava conformada com o termino. – Falei. 

- Eu sempre soube que vocês iriam voltar. Uma hora ou outra vocês teriam que voltar. – Ela falou convencida. Ri ao telefone. – Eu sou a maior shipper de vocês, fala sério! – Completou, me arrancando mais risos. 

- Você é demais, amiga! – Falei entre risos. 

- Eu sei, meu bem! – Falou ainda convencida. 

- Só fico triste por Travis. Não queria que ele tivesse passado por isso. – Falei sincera, me lembrando do ruivo.

- Demi, para com isso, ok? Você tem essa mania irritante de se culpar por Deus e o mundo. – Falou séria. 

- Selena, você não me entend... – Ela me interrompeu. 

- Não te entendo? – Gritou ao telefone. Revirei os olhos. Selena exagerada como sempre. – Querida, se oriente! Eu fiquei do seu lado o tempo todo. Fiquei do seu lado desde que você saiu das fraldas. Então, meu bem, não venha dizer que eu não te entendo. Porque se euzinha, sua melhor amiga, não te entendo, quem irá te entender? Eu que enxuguei todas as suas lágrimas, então, me poupe. – Falou, com o tom de voz mais baixo, mas ainda mantendo a seriedade. – Fiquei ao seu lado em todas ás vezes que você e Nicholas se desentenderam. Fiquei ao seu lado quando você admitiu pra si mesma que o ama. Então, repito: me poupe. Você pode achar que eu não te entendendo por eu não passar pela mesma situação que você, mas entendendo sim, amiga. E, meu bem, você merece ser feliz e estar com alguém que te ame por igual. Você foi sincera com Travis e ele sabia o que tu sente por Nicholas, ele ficou contigo porque quis. Essa situação podia ocorrer a qualquer dia. Podia passar dias, semanas ou meses, mas se isso era pra acontecer, então, tinha que acontecer. E quer saber? – Perguntou séria. Antes que eu respondesse ela continuou: – Eu adoro Travis, você sabe disso, mas foi bom isso ter acontecido. Por que imagina se isso acontece quando você e ele estão mais apegados um ao outro? A situação podia ser até pior. Então, por favor, pare de se importar pelo sofrimento de Travis, ele é grandinho e sabe o que faz, e vá ser feliz com o chefe mais gostoso desse universo. – Completou. Ri da última frase.
- Sabe que eu adoro quando você briga comigo? Porque você sempre tem razão! – Falei contente, enquanto batia os pés na água. Selena riu ao celular.

Durante a minha conversa com Selena, pelo celular, fiquei encarando a pulseira que Travis havia deixado comigo. E era impossível olhar para aquele objeto e não sentir uma pontada de dor ou culpa. Por mais que Selena estivesse certa, por mais que ela dissesse o mesmo discurso mil vezes, uma parte de mim sempre se culparia, sempre se sentiria mal por Travis.
Ele foi e é uma pessoa muito importante na minha vida e nas últimas semanas, ele teve mais importância que qualquer pessoa. Acho que se não fosse por Travis eu não teria passado por essas semanas de cabeça erguida, tentando esquecer Nicholas e tentando supera-la. De qualquer forma, me doía saber que o motivo da tristeza de Travis, era eu. Seria tão mais fácil se eu fosse apaixonada por ele, se eu conseguisse retribuir todo o amor que ele sente por mim. Eu queria poder sentir por ele, o que ele sente por mim. Travis merece tudo de melhor e eu espero que ele arranje alguém que consiga ama-lo mais do que eu.

Seis e meia da tarde.

Assim que terminei minha conversa com Selena, saí da piscina e entrei em casa. Decidi tomar um banho. Subi a escada e caminhei em direção ao meu quarto, onde peguei roupas em meu guarda-roupa e uma toalha de banho limpa. Entrei no banheiro e retirei meu biquíni, pondo-o no cesto de roupa suja. Entrei no box e liguei o chuveiro, a água morna caiu sobre meu corpo gelado.
Saí do banheiro, com a toalha enrolada em meu corpo, e fui para meu quarto, onde vesti as peças de roupa que havia separado. Vesti um short jeans qualquer e uma regata branca básica. Prendi meu cabelo, que estava molhado, num rabo frouxo. Escutei meu estômago reclamando de fome e decidi comer. Sairia com Nicholas, mas nem por isso iria morrer de fome. Saí de meu quarto, deixando a porta aberta, e desci a escada e caminhei em direção à cozinha.
Chegando a cozinha, fui até a geladeira e peguei os ingredientes que precisaria para fazer um sanduíche e a jarra de vidro de suco.
Quando terminei de preparar o sanduíche, enchi o copo de suco de abacaxi e me sentei na banqueta, em frente á bancada. Comecei a comer lentamente. Enquanto comia pensava no que vestiria esta noite e em como estava ansiosa para ver Nicholas. Ele não me disse onde iríamos, só disse que eu deveria vestir algo que me sentisse confortável.

Depois de comer, lavei toda a louça que havia sujado e arrumei a cozinha, pondo as coisas no lugar. Subi a escada e caminhei em direção ao meu quarto. Entrei em meu quarto e fechei a porta. Fui em direção ao meu guarda-roupa, onde comecei a escolher a roupa que usaria hoje de noite.
Separei algumas peças de roupa e as coloquei em cima da minha cama. Comecei a observar as roupas e fazer junções com algumas peças, vendo qual ficava melhor com qual. Meu raciocínio de moda foi interrompido assim que escutei meu celular tocando escandalosamente em cima do criado-mudo. Caminhei em direção e peguei o aparelho na mão. Vi pelo visor a foto com o nome de mamãe aparecendo. Atendi a ligação.
- Oi, mãe. – Falei simples.
- Oi, querida. Como está tudo por aí? – Perguntou.
- Está tudo bem. Fiquei a tarde toda na piscina e acho que irei sair com a Selena mais tarde. – Respondi. – E aí, como estão as coisas? Está se divertindo? – Perguntei, enquanto arrumava as roupas.
- Está tudo bem. Eddie está me mostrando lugares fantásticos. Aposto que você iria amar tirar fotos dos lugares que eu visitei e que ainda vou visitar. – Falou animada.
- Mãe, não fale assim, porque senão eu fico na vontade de ir atrás de vocês e interromper seu final de semana romântico. – Falei manhosa. Ela riu ao celular.
- Tudo bem, vou parar de te provocar. – Falou risonha. – Mas, meu bem, onde você irá com Selena? – Perguntou.
- Ah, mãe, não sei direito. Acho que vamos em alguma boate, dançar. Coisa de sempre, você sabe... – Respondi.
- Hm... Sei sim. Demetria, por favor, se cuide. Tente não chegar em casa muito tarde e, pelo amor de Deus, não vá por aí saindo com estranhos. – Falou séria. Revirei os olhos.
- Mãe, vou ficar bem. Sei me cuidar. Pode ficar tranquila! – Avisei.
- Se você fosse mãe, me entenderia. – Retrucou. – Mas trocando de assunto... Nicholas foi aí pegar os papéis? – Perguntou séria. Sorri ao escutar o nome dele.
- Sim, ele veio sim. Deu tudo certo. – Respondi calma.
- Ah, que bom. Estava preocupada com isso. – Falou. – Filha, vou desligar. Eddie está louco para me mostrar uma escultura sei lá do que. – Falou risonha. – Tchau, querida, se cuida. Beijos! – Completou.
- Ok, mãe. Se cuida também e se divirta! Beijos! – Falei e encerrei a ligação.

Depois de muito pensar, finalmente, escolhi a roupa que vestiria. Deixei-a separada no cabide e decidi tirar um cochilo. Nicholas só viria me buscar ás oito e meia. Não sabia para onde iria e por quanto tempo ficaria sei lá onde, mas sabia que em qualquer lugar que fosse com Nicholas, me cansaria.
Coloquei o celular para despertar sete e meia e me deitei na cama. Não demorou muito para que meus olhos pesassem.

Oito e vinte e cinco.

Nicholas acabara de me ligar, avisando que já estava vindo me buscar. Eu já estava devidamente pronta. Vestia um vestido amarelo, de alças finas e decote V, solto da cintura para baixo . Calçava um sapato fechado de salto alto preto e meus cabelos estavam soltos e meio enrolados nas pontas. Minha maquiagem era leve e meu batom era nude. E havia feito uma pequena mochila para levar, como Nicholas havia pedido.
Escutei a buzina soando no lado de fora e, abri uma brecha da cortina, olhando pela janela. Era ele.

Caminhei até a porta, saindo de meu quarto, com a mochila em minhas mãos, e deixando a porta fechada. Desci a escada e caminhei até a porta de saindo, pela mesma e trancando-a. Me virei e encontrei Nicholas encostado no Audi RS5. Ele vestia uma camisa azul-marinho com mangas três quartos e uma calça jeans escura. Calçava um tênis vermelho-bordô e seus cabelos estavam levemente molhados.
Caminhei em direção á ele.

Assim que me aproximei de Nicholas, envolvi meus braços em seu pescoço e ele agarrou minha cintura, me puxando levemente mais contra ele.
- Sentiu minha falta? – Perguntou divertido, encarando-me. Ri. Ele pegou minha mochila.
- Nenhum um pouco. – Respondi, fazendo uma careta.
- Outch! – Fez bico. Um bico que eu fiz questão de morder. Ele riu.
- Certo... Sem joguinhos! Para onde você pretende me sequestrar, senhor Jonas? – Perguntei desconfiada.
- Sempre tão desconfiada... – Falou, balançando a cabeça. – Não confia em mim? – Perguntou sério.
- Confio, mas... – Ele me interrompeu.
- Se você confia, então, não tem nada de mais, nem menos. – Falou firme, desencostando do carro. Segurou minha mão e abriu a porta do carro para mim. – Se você confia em mim e quer ter uma das melhores noites da sua vida, vai entrar nesse carro sem protestar. – Falou, enquanto segurava a porta.
- Só vou entrar porque gosto desse carro. – Comentei divertida. Nicholas gargalhou alto. Entrei no carro e ele fechou a porta.

Nicholas deu a volta no carro e entrou pelo lado do motorista. A chave já estava na ignição, ele só precisou dar partida no veículo.

Durante o caminho, Nicholas se mantéu focado no trânsito o tempo todo e eu não fiz questão de atrapalha-lo, até porque eu gosto de observa-lo. A escuridão da noite, fazia com que seus olhos ficassem mais iluminados e eu adorava isso. Não resisti e fui obrigada a tirar uma foto dele, mesmo sendo pelo celular.
- Sabe que odeio quando você tira fotos minhas... – Comentou e me encarou rapidamente.
- Sabe que quanto mais você diz que odeia, mais eu adoro tirar fotos suas. – Retruquei, tirando outra foto. – E você está muito bonito, senhor Jonas! – Elogiei-o. Ele sorriu de lado, tentando se manter sério.
- Eu ia rebater isso, mas prefiro me manter em silêncio. Teremos a noite inteira para isso. – Falou sério, encarando fixamente a estrada. Ri. Preferi me manter quieta. Ele pôs sua mão em minha coxa, acariciando levemente o local.

Depois de uma hora, o carro de Nicholas parou e tudo indicava que havíamos chego ao nosso destino. Ele saiu do carro e eu fiz o mesmo, abrindo a porta e saindo. Nicholas pegou minha mochila e trancou o carro. Entrelacei minha mão a sua mão livre.

Olhei com atenção o lugar e parecia ser um porto. Parecia, não, era um porto. Cheio de barcos e lanchas. Comecei a me perguntar o que Nicholas faria comigo naquele lugar.
- É aqui que você vai me matar? – Perguntei divertida.
- Claro que não. Aqui ainda tem muitas testemunhas! – Ele respondeu divertindo, me arrancando risos, e se inclinando para morder meu pescoço, o que me fez rir mais.

Continuamos caminhando, até chegar quase na última fileira de barcos e lanchas. Paramos em frente ao barco, onde havia um homem esperando. Ele vestia um terno preto simples.
- Boa noite, senhor Jonas. – O homem cumprimentou simpático. – Boa noite, senhorita! – Encarou-me e sorriu.
- Boa noite. – Falei e sorri de volta.
- Boa noite, Edgar. – Nicholas falou sério e firme.  – Está tudo como eu pedi?  – Perguntou.
- Sim, senhor. Arrumamos tudo da melhor forma. Espero que gostem de tudo e aproveitem. – Respondeu simples.
- Ótimo. – Nicholas falou. 

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Primeira parte do capítulo 55 postado! Eu iria postar a penúltima parte da short-fic hoje, mas olhei os comentários e desanimei. Então, talvez, quarta-feira que vem (ou sei lá quando). Enfim. Queria dizer também que vou voltar a postar os capítulos SOMENTE as sextas-feiras. É isso aí. Se quiserem comentem. Beijocas e até sexta-feira!